sexta-feira, maio 25, 2012

Ossos do Ofício


   É notável o risco que o exercício de certas profissões apresenta: algumas em maior grau, outras nem tanto. Há no jornalismo dois riscos latentes, o de ser processado e o de morte. Jornalistas investigativos por serem mais atuantes, estão também mais susceptíveis a tais riscos.

     Desde o império tem-se notícia de jornalistas mortos, como é o caso de Líbero Badaró. Jornalistas quando são combativos, sofrem ameaça de morte, mas, acreditam que devem cumprir sua obrigação desmascarando esquemas, denunciando irregularidades institucionais ou não como Tim Lopes a nível nacional, Décio Sá, região Nordeste e Donizete Adalto no Piauí.

     O jornalista Tim Lopes foi morto ao tentar fazer imagens de um baile funk com uma micro câmera escondida, porém foi reconhecido por traficantes, teve o corpo esquartejado e queimado pelo grupo do traficante Elias Maluco. Décio Sá, conhecido por manter em seu blog denúncias envolvendo instituições e personalidades políticas no Maranhão, foi morto a tiros em um bar da Avenida Litorânea, no Maranhão. Donizete Adalto apresentava programa na Tv local e era candidato a deputado em 1998. O apresentador foi morto próximo das eleições ao voltar de um comício. Apresentador polêmico que era, sua visibilidade era creditada a denúncias e ao combate à ‘máfia’. Morto, as investigações apontaram que o possível suspeito era do mesmo partido do jornalista e que também era candidato a deputado, porém com menos intenção de votos que Donizete, conforme apontavam as pesquisas da época.





     É interessante notar que, geralmente, em casos envolvendo morte de jornalistas, a justiça nem sempre é plena, pois no caso de Tim Lopes, dos assassinos que foram presos e condenados, muitos tiveram benefícios da justiça penal como redução de pena e até liberdade condicional. No caso do jornalista Décio Sá, as investigações ainda estão em curso, então não é inteligente colocá-lo como no plano das mortes de jornalistas sem solução. Já o principal suspeito de arquitetar a morte de Donizete Adalto encontra-se em liberdade, pois seu julgamento vem sendo adiado há anos.

     Para um jornalista que passou a vida desbaratando esquemas, investigando denúncias e trazendo-as a público e pondo a própria vida bem como a de familiares também em risco, chega a ser no mínimo ultrajante que sua morte fique sem solução, sem condenação de culpados e assim sendo, o corpo que lutou em vida contra injustiças e mazelas, nem mesmo depois de morto pode alcançar o descanso dos justos, tendo em vista suas mortes saírem impunes.

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