É
notável o risco que o exercício de certas profissões apresenta: algumas em
maior grau, outras nem tanto. Há no jornalismo dois riscos latentes, o de ser
processado e o de morte. Jornalistas investigativos por serem mais atuantes,
estão também mais susceptíveis a tais riscos.
Desde o império tem-se notícia de jornalistas mortos, como é o caso de
Líbero Badaró. Jornalistas quando são combativos, sofrem ameaça de morte, mas, acreditam
que devem cumprir sua obrigação desmascarando esquemas, denunciando
irregularidades institucionais ou não como Tim Lopes a nível nacional, Décio
Sá, região Nordeste e Donizete Adalto no Piauí.
O
jornalista Tim Lopes foi morto ao tentar fazer imagens de um baile funk com uma
micro câmera escondida, porém foi reconhecido por traficantes, teve o corpo
esquartejado e queimado pelo grupo do traficante Elias Maluco. Décio Sá, conhecido
por manter em seu blog denúncias envolvendo instituições e personalidades
políticas no Maranhão, foi morto a tiros em um bar da Avenida Litorânea, no
Maranhão. Donizete Adalto apresentava programa na Tv local e era candidato a
deputado em 1998. O apresentador foi morto próximo das eleições ao voltar de um
comício. Apresentador polêmico que era, sua visibilidade era creditada a
denúncias e ao combate à ‘máfia’. Morto, as investigações apontaram que o
possível suspeito era do mesmo partido do jornalista e que também era candidato
a deputado, porém com menos intenção de votos que Donizete, conforme apontavam
as pesquisas da época.
É
interessante notar que, geralmente, em casos envolvendo morte de jornalistas, a
justiça nem sempre é plena, pois no caso de Tim Lopes, dos assassinos que foram
presos e condenados, muitos tiveram benefícios da justiça penal como redução de
pena e até liberdade condicional. No caso do jornalista Décio Sá, as
investigações ainda estão em curso, então não é inteligente colocá-lo como no
plano das mortes de jornalistas sem solução. Já o principal suspeito de
arquitetar a morte de Donizete Adalto encontra-se em liberdade, pois seu
julgamento vem sendo adiado há anos.
Para um jornalista que passou a vida
desbaratando esquemas, investigando denúncias e trazendo-as a público e pondo a
própria vida bem como a de familiares também em risco, chega a ser no mínimo
ultrajante que sua morte fique sem solução, sem condenação de culpados e assim
sendo, o corpo que lutou em vida contra injustiças e mazelas, nem mesmo depois
de morto pode alcançar o descanso dos justos, tendo em vista suas mortes saírem
impunes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário